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A ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR HOLÍSTICA

Em resposta aos desafios sem precedentes do atual momento planetário, nos níveis individual, social e ambiental, a UNIPAZ adota a Abordagem Transdisciplinar Holística, como fundamento metodológico de todas as suas atividades, tendo como processo pedagógico A Arte de Viver a Vida, para uma educação integral, e A Arte de Cuidar, para o exercício de um cuidado integral.

O academicismo clássico, com sua divisão do conhecimento em diversas disciplinas, deu origem ao surgimento de muitos conhecimentos (textos) de profundo saber e comprovada efetividade. Em contrapartida, foi se perdendo a noção de contexto. O crescimento exponencial de um saber técnico ficou desprovido de um sentido maior (sabedoria) e de uma orientação ética, o que determinou mais uma distorção do que uma compreensão esclarecedora de nossa percepção da realidade.

O paradigma holístico surgiu como uma resposta criativa à crise global, partindo do postulado, evidenciado por Jan Smuts (1926), do continuum informação-vida-matéria. Sendo uma abordagem inclusiva, integra, ao mesmo tempo, o adequado e positivo do antigo paradigma, transcendendo-o na direção de uma integrativa cosmovisão que leva em conta a dinâmica de o-todo-e-as-partes. Outra significativa contribuição foi o método hermenêutico e orientação holística do filósofo alemão, Wilhelm Dilthey(1910) e a sua teoria compreensiva e método sintético, postulando o mundo histórico em continuidade com a natureza, como totalidade e a vida como um mistério insondável, um ritmo todo-parte, suscetível não de explicação e, sim, de compreensão, uma abordagem fundadora das ciências especificamente humanas. O termo holístico tem sua origem no grego HOLOS que significa TODO. Já no século VI antes de Cristo, o filósofo Heráclito de Éfeso dizia: A parte é diferente do todo, mas também é o mesmo que o todo. A essência é o todo e a parte.

Há cerca de quatro décadas, diferentes pesquisadores como Jean Piaget, Edgar Morin, Eric Jantsch e Basarab Nicolescu, entre outros, criaram, quase simultaneamente, o termo Transdisciplinaridade para revelar a necessidade premente de transgredir fronteiras entre as disciplinas. A transdisciplinaridade, como o sufixo trans indica, diz respeito àquilo que está, ao mesmo tempo, entre, através e além de toda disciplina, sendo os traços fundamentais da atitude e ação transdisciplinar, segundo Nicolescu: o rigor, a abertura e a tolerância.

O rigor é, em primeiro lugar, o rigor da linguagem na argumentação baseada no conhecimento vivo da transdisciplinaridade, ao mesmo tempo interior e exterior. A transdisciplinaridade é simultaneamente um corpus de pensamento e uma experiência vivida. Estes dois aspectos são inseparáveis. Podemos afirmar que o rigor da transdisciplinaridade é um aprofundamento do rigor científico, que leva em conta não apenas as coisas, mas também os seres e sua relação com outros seres e coisas. Levar em conta todos os dados presentes numa dada situação caracteriza este rigor.

A abertura comporta a aceitação do desconhecido, do inesperado e do imprevisível.

A tolerância é o reconhecimento do direito às idéias e verdades diferentes das nossas. (Nicolescu)

A visão holística é uma maneira de compreender o mundo, um espaço onde é possível um intercâmbio entre ciência, filosofia, arte e tradições espirituais e, o que as torna interativas, é a transdisciplinaridade. Esta visão permite preparar o intelecto para aceitar e cooperar a fim de que a vivência transdisciplinar possa emergir como uma teia tecida com os fios:
> da complexidade do ser humano com o entrelaçamento dos seus níveis (físico, emocional, mental e espiritual), das suas funções psíquicas (pensamento, sentimento, sensação e intuição), dos seus diferentes estados de consciência (vigília, sonho, sono profundo e transpessoal), bem como do conhecimento recebido e do elaborado, através das quatro vias do saber humano (ciência, filosofia, arte e tradições espirituais), e das suas relações com os Outros e com a Natureza, através das dimensões ontonômicas da cultura (mítico-simbólica; lógico-epistêmica e mistérica), bem como da complexidade do Universo em que está inserido;

dos diferentes níveis de realidade, o da realidade relativa e o da realidade absoluta. O Ser e o Universo não podem ser reduzidos pela experiência intelectual apenas no que se apresenta concreto, visível, limitado, mensurável, pois existem também realidades sutis que os sentidos humanos não alcançam;

da lógica do terceiro incluído, o secretamente incluído, o guardião do nosso irredutível mistério, como fundamento possível da tolerância e da dignidade humana. (Nicolescu)

A práxis da transdisciplinaridade implica em se ter uma visão holística. A abordagem transdisciplinar holística está alicerçada em uma visão aberta de mundo com sua complexidade que comporta os contrários, os contraditórios, o inédito, a história do sujeito e o sujeito da história, bem como os seus diferentes níveis de realidade, ajudando a dar um contexto a tanto texto, trazendo sabedoria para o conhecimento, e tem, como principal eixo norteador, a lógica do terceiro incluído. Assim, torna-se possível emergir um sentido humano, ético e sustentável, para o bem de toda a Humanidade e do Planeta.

Esta metodologia é desenvolvida através da Holologia e da Holopráxis.

A Holologia consiste no estudo teórico e experiencial do antigo e do novo paradigma bem como de suas conseqüências na vida humana, para adquirir o saber através da análise do conhecimento racional, da lógica e da abstração, desenvolvendo as funções psíquicas pensamento e sensação (metáfora do hemisfério esquerdo do cérebro).

A Holopráxis consiste em um conjunto de métodos que permitem a vivência pela via experiencial sintética, simbólica, e do mergulho na essência do Ser, desenvolvendo as funções psíquicas do sentimento e da intuição (metáfora do hemisfério direito do cérebro).

O processo pedagógico pautado na educação integral e no cuidado integral promove a conexão desses dois hemisférios, facilitando a integração das quatro funções psíquicas (pensamento, sentimento, sensação, intuição) com os quatro estados de consciência (vigília, sonho, sono profundo, transpessoal), através do intercâmbio dinâmico das quatro vias do saber humano (ciência, filosofia, arte e tradições espirituais), promovendo a integração dos quatro quocientes de inteligência QF - quociente físico (aprender a fazer), QE - quociente emocional (aprender a conviver), QI - quociente intelectual (aprender a conhecer), QS - quociente espiritual (aprender a ser), fazendo emergir o QT - quociente Transdisciplinar - a inteligência integral, que facilita a Presença no exercício da integralidade do educar e do cuidar.

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