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ACUPUNTURA AURICULAR FRANCESA
Por Fernando Mendes Sant'Anna

Hipócrates, considerado o pai da Medicina, escreveu no seu livro “Geração” (século IV AC), que cauterizações (pequenas queimaduras localizadas) atrás da orelha podiam curar certos casos de esterilidade. No Egito antigo e na Turquia se recomendava picar partes da orelha como método contraceptivo feminino. Na Índia, antigos místicos recomendavam estimular o crescimento do lóbulo da orelha para se atingir o estado de Nirvana. No século XVII, um médico português de nome Zacutus Lusitanus, retomou os escritos de Hipócrates e passou a tratar pela orelha dores de quadril, recorrendo à cauterização. No século XVIII, o famoso Valsalva descreveu uma técnica de tratamento de dores de dente por meio de cauterizações auriculares. Mas foi somente em 1951 que o Dr. Paul Nogier, médico francês residente em Lyon, ao receber em seu consultório um paciente que tinha sido curado de dores ciáticas rebeldes por uma curandeira que cauterizara pontos de sua orelha, curioso com o método e com os resultados obtidos, decidiu testar ele mesmo, em seus pacientes, o mesmo procedimento.

A partir dos bons resultados obtidos, o Dr. Nogier prosseguiu em suas pesquisas e conseguiu determinar, depois de mais de 20 anos de estudos, cerca de 43 pontos auriculares que tinham correspondência com órgãos e sistemas do corpo humano. Estudos realizados em laboratórios de neurofisiologia descobriram que cada ponto da orelha é uma terminação nervosa que, uma vez estimulado (picado), faz com que esses estímulos nervosos sejam conduzidos até o tronco cerebral e depois ao córtex cerebral, na área correspondente ao órgão ou função estimulada. Do cérebro são então enviadas mensagens neuro-hormonais para equilibrar as funções do órgão estimulado.

O sucesso da Auriculoterapia Francesa em tratar numerosas doenças, dores as mais diversas e problemas psicossomáticos foi tanto, que em novembro de 1990 a Organização Mundial de Saúde reuniu-se em Lyon, na França, e seu Diretor Geral pediu sua inclusão na Medicina Geral, com uso especialmente indicado para dores e problemas funcionais, tendo sido o Dr. Paul Nogier homenageado como pai dessa técnica. Desde então houve grande impulso na difusão da Auriculoterapia e hoje se calcula que a mesma seja praticada em 80 países, como Alemanha, França, EUA, Itália, Holanda, China, Japão etc... incluindo-se entre esses o Brasil.

A Auriculoterapia Francesa difere da Chinesa em vários aspectos sendo os mais importantes no seu tipo de diagnóstico, mais baseado nos conceitos de medicina ocidental do que nos elementos da medicina tradicional chinesa, e no mecanismo de ação, que tem como base respostas neuro-endócrino-fisiológicas e não respostas energéticas. É variável o número de sessões necessário para a cura ou melhora de um problema (no mínimo 2 ou 3 sessões), uma vez por semana ou a cada duas semanas, dependendo obviamente do tipo de problema apresentado. É importante mencionar que a Auriculoterapia não serve para todos os tipos de doenças e não deve ser utilizada como substituto ao tratamento médico tradicional, principalmente para alguns tipos de patologia.

As principais indicações da Auriculoterapia Francesa são: Quadros de dor em geral (Travamento de coluna, Tendinites, bursites, etc..), Síndrome do túnel do carpo, Dores no ombro, Enxaquecas e outras cefaléias, Neuralgia do trigêmeo, Zumbidos, Artroses, Herpes zoster (no combate a dor do zoster), Distúrbios da articulação têmporo-mandibular, Tensão pré-menstrual, Estresse físico e mental, Ansiedade, Depressão, Fobias (medos), Sintomas da menopausa, Constipação intestinal (prisão de ventre crônica sem causa orgânica), Alergias respiratórias (rinite, sinusite etc...), Acne do adulto ou adolescente, Asma, Esclerose em placas (múltipla): para alívio das dores durante as crises, Tabagismo: nesse caso a Auriculoterapia atua ajudando o paciente a abandonar o vício, porém é essencial a colaboração do próprio paciente para não retornar ao término do tratamento, Obesidade: da mesma forma que no tabagismo, a Auriculoterapia ajuda no controle da obesidade através de estímulos neurológicos que dão ao paciente sensação de saciedade após se alimentarem, mas não substitui uma dieta adequada nem tampouco realiza milagres de emagrecimento.

Informações: http://www.auriculomedicina.org e http://www.unipazrj.org.br

Escrito por Dr. Fernando Mendes Sant’Anna, Doutor (PhD) em Medicina pela USP, graduado em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Especialista em Cardiologia – Instituto “Dante Pazzanese” de Cardiologia (SP), Especialista em Terapia Intensiva – Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Especialista em Cardiologia Intervencionista – Instituto do Coração, Hospital das Clínicas, Universidade de São Paulo, Especialista em Homeopatia - Associação de Medicina Homeopática Brasileira, Especialista em Acupuntura Auricular (Auriculoterapia) – GroupeLyonnais d’ÉtudesMédicales (GLEM) Lyon, Presidente da Sociedade Brasileira de Auriculoterapia Francesa e Auriculomedicina (SBAFA), Membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, Membro Titular da Associação Médica Homeopática Brasileira, Membro Especialista da organização Auriculo. SansFrontières, Membro do Conselho de Administração da ICAMAR (International College of Auriculomedicine and Auriculotherapy).

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